AVISO: A informação disponibilizada neste site tem como data de referência o ano 2002 e pode encontrar-se desactualizada.


[A bica e os bebedouros da fonte do Cortiço]

 

Época termal
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Indicações

Aparelho digestivo e rins (Contreiras, 1951)
A do Cortiço é para curar feridas, alergias e isso tudo. (Informante)
Usamos dessa água, para beber e para se lavar. Para beber é para a digestão…é mais para coisas de pele que as pessoas usam (Encarregado da herdade)


Tratamentos/ caracterização de utentes

Ingestão e lavagens no local ou no domicilio. 
Eu sei que foi lá uma data de vezes, mas já não me lembro quantas. Curou, mas ainda tenho um problema no nariz, sempre toda a vida tive este problema, mas naquela altura era a cara toda. Não havia pomada nenhuma que eu não comprasse, andava aí numa miséria que eu sei lá. Fui ao Doutor Pedro, fui a Ponte de Sor, fui a tudo. Já não sei quem foi a velhota que me disse: “Vai à água do Cortiço”, e foi ali que me curei. (Informante)
Isso era uma tradição dos nossos antepassados que dizia que era antes do Sol nascer. Mas eu cá, também lá fui muitas vezes sem o sol nascer. Quando foi isso da cara, fui lá muitas vezes já o sol ia alto. (Informante)

- Aquilo é famoso para doenças de pele, tem que ser antes do sol nascer. Dizem que assim é que faz bem à doenças de pele. (Informante)  

 

Instalações/ património construído e ambiental

"A fonte encontra-se numa pequena mancha de rochas arcaicas, que rompe através do Miocénio lacustre que faz parte do golfo terciário do Tejo. Esta mancha, onde também se assenta a aldeia de Galveias, tem o seu maior comprimento numa direcção aproximadamente Leste –Oeste, e no extremo, a Poente da aldeia, encontra-se um pequeno afloramento de rochas granitóides…..  os xistos e gneisses, formando uma faixa de 300m de largura, com a direcção NO –SE; estas rochas rematam, ao norte, o afloramento arcaico do monte da Torre Sepúlveda, sendo através delas que emerge a nascente … A água brota no fundo de uma cova com uma profundidade de 1,98m e com 2m de diâmetro…. Examinando as rochas que se encontram no fundo desta cova, verifica-se que a parte mais a norte é constituída por gneisses e a sul por xistos “ (Andrade, 1930)  
Não existe instalação balnear, sendo a água utilizada por gente pobre da vizinhança” (Acciaiuoli, 1944,III, 19) Nos Relatórios de Acciaiuoli nas décadas de 30 e 40 (séc. XX) o comentário final é sempre o mesmo: “não esteve em exploração"

A Cova descrita por Andrade (1930) foi posteriormente coberta e a água da nascente canalizada, numa distância de 8m, para uma bica de onde brota para uma pequena pia, seguindo para uma sucessão de 3 bebedouros para gado, com 17m, 9m e 10m, respectivamente, o último tem inscrito no cimento a data de “2002”. A 10m deste bebedouro encontra-se um tanque que em tempos serviu a banhos, hoje cercado por rede: “… o tanque está vedado senão a bicharada cai lá para dentro (Empregado da herdade).   Quanto ao caudal o mesmo empregado fez o seguinte cálculo no Verão seco de 2005: Ela agora até avivou mais (a nascente) que houve aí uma altura que descaiu um bocado, chegou já a correr só um litro e meio por minuto. Eu sei porque as vacas bebem lá água, então tinha que andar a par daquilo, e de vez em quando estava a medi-la.

 

Natureza

hipossalina (sulfídrica?).

A água tem um bocadinho de enxofre, quando é de manhã aquele tanque está cheio de enxofre assim à volta. (Informante)

 

Alvará de concessão

Alvará de 6 de Março de 1932, a favor de António Maria de L. Bon de Sousa Melo e Castro (Visconde  de Pernes), com área de 50 hectares- Publicado DG, nº83, II série de 10 de Abril de 1932.

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Historial

No Aquilégio (1726) são mencionadas duas fontes “Desobstruentes”, a primeira na própria freguesia de Galveias, com: “… a virtude para desopilar qualquer obstruções que haja, que se afirma, que quem dela beber um ano, ficará desobstruído, por mais antigas que sejam as suas obstruções. Será grande remédio estas águas nos hipocondríacos, dos que padecem de icterícias ordinárias, que dependem de obstruções; nas mulheres que por opilações humorais forem mal regradas, e nos que forem queixosos de pedra e areia.(214)   
A segunda fonte com o mesmo título e propriedades, localiza-se: “No termo da dita vila das Galveias, na herdade que chamam da Torre “ (215)           
Muito provavelmente será a mesma nascente que estamos a tratar, cujo primeiro concessionário foi António Maria de L. Bon de Sousa Melo e Castro, que foi o último dos Condes de Galveias e proprietário da Herdade do Monte da Torre Sepúlveda falecido em 1940.
A Herdade passou depois para a Casa Agrícola Marques Ratão, cujo proprietário e administrador era Comendador José Godinho de Campos Marques (1887-1967). No seu testamento institui como sua universal herdeira a Junta de Freguesia de Galveias, tornam-se assim esta freguesia proprietária de um vasto património rural e urbano, não só no concelho de Avis, onde se localiza a Herdade Torre de Sepúlveda, mas também nos concelhos de Ponte de Sor, Estremoz, Borba, Monforte, Crato, Torres Vedras e Lisboa.
No que respeita à herdade da Torre de Sepúlveda, após a morte do doador a Junta de Freguesia entregou a sua gestão a uma empresa inglesa: Mas quando os donos disto morreram, isto foi arrendado a essa companhia inglesa (Encarregado). A situação manteve-se até ao 25 de Abril, quando a Junta decidiu começar a administrar directamente o seu vasto património.

No que respeita à exploração da Fonte do Cortiço a Junta de Freguesia desconhecia a existência dessa concessão dos anos 30, não existindo nenhuma documentação sobre a mesma. Para a funcionária a razão desta falta de referências deve ao facto da herdade do Monte Sepúlveda se localizar na sua maioria em território do concelho de Avis, onde inadvertidamente foi incluída a Fonte do Cortiço, o que aliás corresponde aos dados de registo da concessão “ Concelho d Avis, Freguesia de N.S. Orada (Avis)”

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Alojamentos

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Recortes

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Bibliografia

Acciaiuoli: 1936; 1937; 1940; 1941; 1942; 1944; 1947;1948a; 1948b; 1949-50; 1953. Andrade 1930, Félix 1877, Contreiras 1937, Contreiras 1951, Lepierre 1930, Segurado1931, Águas minerais do continente e Ilha de S. Miguel 1940.

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Dados gerais

Distrito
Portalegre

Concelho
Ponte de Sor

Freguesia
Galveias       

Povoação/Lugar
Monte da Torre Sepúlveda 

Localização
O Monte da Torre Sepúlveda, a 4km de Galveias, é uma herdade cuja maior parte das suas terras se localizam já no concelho de Avis. A Fonte encontra-se dentro da propriedade a 1,5km a Norte da Casa, a 50m dos marcos de divisão dos dois concelhos, mas notoriamente no concelho de Ponte de Sor, freguesia de Galveias (ver Mapa Militar f.368, 1973)   

Província hidromineral
B / Bacia hidrográfica do Rio:  Tejo      

Zona geológica
Maciço Hésperico –Zona Ossa Morena

Fundo geológico (factor geo.)
Zona de Rochas sedimentares, no local da nascente um afloramento de granito e xistos

Dureza águas subterrâneas
300 a 400 mg/l de CaCO3

Concessionária

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Telefone
n.d.

Fax
n.d.

Morada
n.d.

E-mail / site

n.d.

 

 


O antigo tanque




A bica da fonte